O Modernismo foi um movimento literário e artístico do início do século XX. Tinha como principal objetivo romper com a estética tradicionalista, libertando-se dos paradigmas, formalismos e regras que até então imperavam.
No Brasil, o Modernismo preconizava a independência cultural do país, sendo valorizada a cultura cotidiana brasileira, em específico, a linguagem popular. As obras modernistas são de suma importância e extremamente enriquecedoras da literatura brasileira.
Fases do Modernismo no Brasil
Três momentos distintos, chamados de fases ou gerações, caracterizaram o Modernismo no Brasil.
Primeira Fase (1922 a 1930)
Também chamada de Fase Heroica, foi a mais radical no rompimento com os paradigmas tradicionais. Houve a redescoberta e valorização do cotidiano brasileiro, com grande destaque da linguagem coloquial e espontânea, com suas gírias, erros e capacidade expressiva (humor, ironia e sarcasmo). Ocorreu também a negação brusca do passado a nível formal, sendo desvalorizadas as regras de rima e métrica da poesia.
Principais autores da Primeira Fase
- Mário de Andrade;
- Oswald de Andrade;
- Manuel Bandeira;
- Alcântara Machado.
Poesias da Primeira Fase
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(Oswald de Andrade)
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
(Oswald de Andrade)
Segunda Fase (1930 a 1945)
Esta segunda fase, também chamada de Geração de 30, foi uma fase de consolidação do Modernismo brasileiro. Sendo uma fase mais madura, foi quando o movimento ganhou mais força e se criaram obras essenciais da literatura brasileira.
Na prosa, houve uma grande reflexão e crítica da realidade brasileira, sendo retratados problemas sociais das diferentes regiões, com destaque para o regionalismo nordestino. Na poesia, houve um questionamento do sentido da existência, com profunda análise dos sentimentos humanos e das angústias sociais.
Principais autores da Segunda Fase
- Carlos Drummond de Andrade;
- Cecília Meireles;
- Vinicius de Moraes;
- Jorge Amado;
- Graciliano Ramos;
- Érico Veríssimo;
- Rachel de Queiroz.
Poesias da Segunda Fase
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
-Em que espelho ficou perdida a minha face?
(Cecília Meireles)
No Meio do Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(Carlos Drummond de Andrade)
Prosa da Segunda Fase
- Vidas Secas, de Graciliano Ramos;
- Menino de Engenho, de José Lins do Rego;
- O país do Carnaval, de Jorge Amado;
- Capitães de Areia, de Jorge Amado;
- O quinze, de Rachel de Queiroz.
Terceira Fase (1945 a 1960)
Conhecida também como Geração de 45, a última fase do Modernismo, considerada por muitos como já Pós-Modernismo, é caracterizada pela liberdade. Abandonam os diversos ideais defendidos pela primeira geração do Modernismo, como a exploração da realidade brasileira e a linguagem popular. Na poesia há inclusivamente um retorno à forma, sendo encarada como a arte da palavra. Nesta última fase, houve a exploração da psicologia humana, sendo abordados conteúdos inovadores.
Principais autores da Terceira Fase
- Guimarães Rosa;
- Clarice Lispector;
- Mário Quintana;
- João Cabral de Melo Neto;
- Lygia Fagundes Telles;
- Ariano Suassuna.
Poesias da Terceira Fase
Morte e Vida Severina
[...]
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
[...]
(João Cabral de Melo Neto)
Poeminha do Contra
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
(Mário Quintana)
Prosa da Terceira Fase
- Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa;
- Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa;
- A Hora da Estrela, de Clarice Lispector;
- A cidade sitiada, de Clarice Lispector.