A Poesia Marginal foi uma nova concepção artística que surgiu na década de setenta, durante um período de forte repressão e censura imposta pela ditadura militar. Esse período cultural, também chamado de Geração Mimeógrafo, foi marcado pelo inconformismo com a considerada "cultura oficial", alterando o comportamento do poeta face à sociedade.
O poeta passou a ser totalmente responsável pela criação, reprodução e divulgação da sua poesia. Fora dos meios habituais de edição e divulgação das obras, usavam os seus próprios meios para reproduzir e divulgar os seus poemas. Utilizavam mimeógrafos para copiar seus textos e realizar pequenas tiragens que eram comercializadas a baixo custo, de mão em mão.
Principais características da Poesia Marginal
- Inconformismo com “cultura oficial” brasileira;
- Inconformismo com os moldes literários impostos pela academia;
- Inconformismo com a censura imposta pela ditadura;
- Proposta de uma constante inovação poética, pautada pela inventividade artística e a vitalidade criativa;
- Inspiração nos movimentos de contracultura;
- Elogio de uma produção cultural que estivesse fora dos padrões;
- Busca de uma nova forma de divulgação da arte e da cultura brasileira;
- Organização da poesia em estruturas rápidas que aliassem texto e elementos visuais;
- Promoção de leituras imediatas, com conteúdos facilmente assimiláveis;
- Utilização de uma linguagem coloquial, revestida de sarcasmo, ironia, humor, gírias e, inclusivamente, palavrões.
Principais poetas da Poesia Marginal
- Chacal;
- Cacaso;
- Ana Cristina César;
- Paulo Leminski;
- Francisco Alvim;
- Torquato Neto;
- Waly Salomão;
- José Agripino de Paula.
Alguns poemas da Poesia Marginal
Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma vida branca
e limpa à minha espera.
(Ana Cristina César)
Rápido e rasteiro
vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.
aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida.
(Chacal)
Amor bastante
quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
(Paulo Leminski)