A sintaxe é a parte da gramática que estuda a estrutura da frase, analisando as funções que as palavras desempenham numa oração e as relações que estabelecem entre si. A sintaxe estuda também as relações existentes entre as diversas orações que formam um período.

Estudo da relação entre os termos da oração

Segundo uma análise sintática, a oração se encontra dividida em: 

  • termos essenciais;
  • termos integrantes;
  • termos acessórios.

Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado. 
Os termos integrantes da oração são o objeto direto, o objeto indireto, o predicativo do sujeito, o predicativo do objeto, o complemento nominal e o agente da passiva. 
Os termos acessórios da oração são o adjunto adnominal, o adjunto adverbial e o aposto.

Exemplos de análise sintática

Amanhã, a Madalena pagará suas dívidas ao banco.

Sujeito: a Madalena
Predicado: pagará suas dívidas ao banco
Objeto direto: suas dívidas
Objeto indireto: ao banco
Adjunto adverbial: amanhã
Adjunto adnominal: a, suas

O diretor está livre de compromissos.

Sujeito: o diretor
Predicado: está livre de compromissos
Predicativo do sujeito: livre
Complemento nominal: compromissos

A roupa foi passada pela vizinha, uma senhora trabalhadora.

Sujeito: a roupa
Predicado: foi passada pela vizinha
Agente da passiva: vizinha
Aposto: uma senhora trabalhadora

Ela acusou-a de fofoqueira.

Sujeito: ela
Predicado: acusou-a de fofoqueira
Objeto direto: a
Predicativo do objeto: fofoqueira

Veja também: Função sintática dos termos da oração.

Estudo da relação entre as orações

Os períodos compostos são formados por várias orações. As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de subordinação.

Período composto por coordenação

Os períodos compostos por coordenação são formados por orações independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas individualmente porque apresentam sentidos completos. 

As orações coordenadas são classificadas em aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas, conforme a ideia que transmitem: de adição, de oposição, de alternância, de conclusão e de explicação relativamente à oração anterior. 

Oração coordenada aditiva: Gabriel treinou e ganhou a corrida.
Oração coordenada adversativa: Gabriel treinou, mas não ganhou a corrida.
Oração coordenada alternativa: Ou Gabriel treina ou não ganha a corrida.
Oração coordenada conclusiva: Gabriel treinou, logo ganhou a corrida.
Oração coordenada explicativa: Gabriel ganhou a corrida porque treinou.

Veja também: Exemplos de orações coordenadas e respectivas conjunções coordenativas.

Período composto por subordinação

Os períodos compostos por subordinação são formados por orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas de forma separada.

Conforme a função sintática que desempenham, as orações subordinadas são classificadas em substantivas, adjetivas ou adverbiais.

Oração subordinada substantiva subjetiva: Foi anunciado que Jorge será o novo diretor.
Oração subordinada substantiva objetiva direta: Nós não sabíamos que isso seria obrigatório.
Oração subordinada substantiva objetiva indireta: A empresa precisa de que todos os funcionários sejam assíduos.
Oração subordinada substantiva completiva nominal: Tenho esperança de que tudo será melhor no futuro!
Oração subordinada substantiva predicativa: O importante é que minha filha é feliz.
Oração subordinada substantiva apositiva: Apenas quero isto: que você desapareça da minha vida!

Oração subordinada adverbial causal: Ele não pode esperar porque tem hora marcada no médico.
Oração subordinada adverbial consecutiva: A Luísa esperou tanto tempo que adormeceu no sofá.
Oração subordinada adverbial final: Eles ficaram vigiando para que nós chegássemos a casa em segurança.
Oração subordinada adverbial temporal: Mal você foi embora, ele apareceu.
Oração subordinada adverbial condicional: Se o Paulo vier rápido, eu espero por ele.
Oração subordinada adverbial concessiva: Embora eu esteja atrasada para o trabalho, continuarei esperando por ele.
Oração subordinada adverbial comparativa: Júlia se sentia como se ainda tivesse dezesseis anos.
Oração subordinada adverbial conformativa: Ficaremos esperando por você, conforme combinamos ontem.
Oração subordinada adverbial proporcional: Quanto mais eu estudava, mais tinha a sensação de não saber nada.

Oração subordinada adjetiva explicativa: A Júlia, que é a funcionária mais nova da empresa, não teve uma boa avaliação.
Oração subordinada adjetiva restritiva
: Todos os funcionários que conhecem bem a empresa tiveram uma boa avaliação.

Veja também: Função das orações subordinadas substantivas, Função das orações subordinadas adverbiais e Função das orações subordinadas adjetivas.

Sintaxe de concordância

A sintaxe de concordância estuda a concordância nominal e a concordância verbal que ocorrem na oração.

Para haver concordância nominal é necessário que haja concordância de gênero e número entre os diversos nomes da oração, ou seja, entre o substantivo e o adjetivo que o caracteriza, entre o substantivo e o artigo que o determina, entre um pronome adjetivo e o substantivo,...

Concordância em número indica a flexão em singular e plural. Concordância em gênero indica a flexão em masculino e feminino.

Exemplos de concordância nominal

  • O vizinho novo;
  • A vizinha nova;
  • Os vizinhos novos;
  • As vizinhas novas.

Para que haja concordância verbal é necessário que haja concordância em número e pessoa entre o sujeito gramatical e o verbo.

Concordância em número indica a flexão em singular e plural. Concordância em pessoa indica a flexão em 1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa.

Exemplos de concordância verbal

  • Eu li;
  • Ele leu;
  • Nós lemos;
  • Eles leram.

Veja também: Casos específicos de concordância nominal e Casos específicos de concordância verbal.

Sintaxe de regência

A sintaxe de regência estuda a regência nominal e a regência verbal que ocorre entre os diversos termos de uma oração. Há um termo regente que apresenta um sentido incompleto sem o termo regido, que atua como seu complemento.

A regência nominal indica a relação que um nome (termo regente) estabelece com o seu complemento (termo regido) através do uso de uma preposição.

Exemplos de regência nominal

  • favorável a;
  • apto a;
  • livre de;
  • sedento de;
  • intolerante com;
  • compatível com;
  • interesse em;
  • perito em;
  • mau para;
  • pronto para;
  • respeito por;
  • responsável por.

A regência verbal indica a relação que um verbo (termo regente) estabelece com o seu complemento (termo regido) através do uso ou não de uma preposição. Na regência verbal os termos regidos são o objeto direto (sem preposição) e o objeto indireto (preposicionado).

Exemplos de regência verbal preposicionada

  • assistir a;
  • obedecer a;
  • avisar a;
  • agradar a;
  • morar em;
  • apoiar-se em;
  • transformar em;
  • morrer de;
  • constar de;
  • sonhar com;
  • indignar-se com;
  • ensaiar para;
  • apaixonar-se por;
  • cair sobre.

Veja também: Exemplos de regência nominal com as principais preposições e Exemplos de regência verbal com as principais preposições.

Sintaxe de colocação pronominal

A sintaxe de colocação pronominal estuda a forma como os pronomes pessoais oblíquos átonos se associam aos verbos. Existem três formas de colocação pronominal:

Em próclise: pronome aparece antes do verbo; 
Em ênclise: pronome aparece depois do verbo;
Em mesóclise: pronome aparece no meio do verbo.

A ênclise é a forma básica de colocação pronominal. Contudo, há um maior uso da próclise no português falado no Brasil, sendo a forma de colocação pronominal privilegiada pelos falantes. 

Assim, em muitas ocasiões torna-se facultativo o uso da próclise ou da ênclise, desde que não ocorra nenhuma situação que exija um tipo específico de colocação pronominal.

É, por exemplo, obrigatório o uso da ênclise em orações iniciadas com verbos, estando errado iniciar uma frase com um pronome oblíquo.

Além disso, há diversas palavras que exigem o uso da próclise, como palavras negativas, conjunções subordinativas, pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos, entre outras.

Exemplos de colocação pronominal

  • Fizeram-me uma grande surpresa no meu aniversário. (ênclise)
  • Todos me fizeram uma grande surpresa no meu aniversário. (próclise)
  • Eles far-me-ão uma grande surpresa no meu aniversário. (mesóclise)

Veja também: Regras que definem o uso específico de ênclise, próclise ou mesóclise.

Flávia Neves
Flávia Neves
Professora de português, revisora e lexicógrafa nascida no Rio de Janeiro e licenciada pela Escola Superior de Educação do Porto, em Portugal (2005). Atua nas áreas da Didática e da Pedagogia.