O discurso é a forma como as falas das personagens são introduzidas numa narrativa.
Existem três tipos de discurso:
- o discurso direto;
- o discurso indireto;
- o discurso indireto livre.
Nos textos narrativos, é através da voz do narrador que conhecemos o desenrolar da história e as ações das personagens, mas é através da voz das personagens que conhecemos as suas ideias, opiniões e sentimentos.
A forma como a voz das personagens é introduzida na voz do narrador é chamada de discurso. Através de uma correta utilização dos tipos de discurso, a narrativa poderá assumir um caráter mais ou menos dinâmico, natural, interessante ou objetivo, o que contribui decisivamente para o sucesso do texto narrativo.
O que é o discurso direto?
O discurso direto é a transcrição exata das falas das personagens, sem a participação do narrador. É o mais natural e comum dos tipos de discurso.
Exemplos de discurso direto
Mariana perguntou:
— O que posso fazer para ajudar?
Descartes afirmou: “Penso, logo existo.”
Estrutura do discurso direto
O discurso direto é introduzido por verbos de elocução que anunciam o discurso. A seguir a esses verbos aparecem dois-pontos e há mudança de linha para o começo da fala da personagem, que é iniciada por um travessão.
Assim, a estrutura básica do discurso direto é:
verbo de elocução - dois-pontos - mudança de linha - parágrafo - travessão.
O travessão indica o começo da fala de uma personagem, mas também a mudança de interlocutores, como a mudança da voz da personagem para a voz do narrador. Além do travessão, o discurso direto pode ser também colocado entre aspas, indicando assim uma citação ou transcrição.
Verbos que introduzem o discurso direto:
- dizer;
- perguntar;
- responder;
- falar;
- comentar;
- observar;
- retrucar;
- replicar;
- exclamar;
- aconselhar;
- gritar;
- murmurar.
Através da utilização do discurso direto, o narrador permite que as personagens se exprimam livremente, ganhando vida própria na narração.
O que é o discurso indireto?
O discurso indireto é a apresentação das falas das personagens feita pelas palavras do narrador. Assim, é sempre feito na 3.ª pessoa, nunca na 1.ª pessoa.
Exemplos de discurso indireto
Mariana perguntou o que podia fazer para ajudar.
Descartes afirmou que pensava, logo existia.
Estrutura do discurso indireto
O discurso indireto é, também, introduzido por verbos de elocução que anunciam o discurso. A seguir a esses verbos aparecem conjunções (como as conjunções que e se), que marcam a separação da fala do narrador e da fala da personagem transmitida pelo narrador.
Assim, a estrutura básica do discurso indireto é:
fala do narrador + verbo de elocução + conjunção + fala da personagem pelas palavras do narrador.
No discurso indireto o narrador é o responsável por falar na vez da personagem, utilizando suas próprias palavras para reproduzir a essência das falas das personagens, bem como suas reações e personalidade.
O que é o discurso indireto livre?
O discurso indireto livre é a apresentação das falas das personagens inseridas dentro do discurso do narrador. É o mais difícil e o mais dinâmico dos tipos de discurso.
Exemplo de discurso indireto livre
Então Paula corria, corria o mais que podia para tentar resolver a situação. Logo a mim, logo a mim isso tinha de acontecer! Ela não sabia se conseguiria chegar a tempo e resolver aquela confusão. Tomara que eu consiga!
Estrutura do discurso indireto livre
O discurso indireto livre não é introduzido por verbos de elocução, nem por sinais de pontuação ou conjunções. Não apresenta, assim, uma estrutura, sendo um discurso dinâmico.
No discurso indireto livre é difícil delimitar o início e o fim do discurso da personagem, uma vez que se confunde, por vezes, com o discurso do narrador, que tem todo o conhecimento das falas e sentimentos das personagens.
A principal distinção é que as falas das personagens são narradas na 1.ª pessoa, enquanto o discurso do narrador se encontra na 3.ª pessoa.
Passagem do discurso direto para discurso indireto
Na passagem do discurso direto para o discurso indireto, ocorrem mudanças:
- nas pessoas do discurso;
- nos tempos verbais;
- na pontuação das frases;
- nos advérbios e adjuntos adverbiais.
Discurso direto: - Iremos de férias amanhã.
Discurso indireto: Eles disseram que iriam de férias no dia seguinte.
Mudança das pessoas do discurso:
A 1.ª pessoa do discurso passa para a 3.ª pessoa do discurso.
Os pronomes na 1.ª pessoa (eu, nós e meu) passam para pronomes na 3.ª pessoa (ele, ela, eles, elas, seu).
Mudança nos tempos verbais:
O presente do indicativo passa para o pretérito imperfeito do indicativo
O pretérito perfeito do indicativo passa para o pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
O futuro do presente do indicativo passa para o futuro do pretérito do indicativo.
O presente do subjuntivo passa para o pretérito imperfeito do subjuntivo.
O futuro do subjuntivo passa para o pretérito imperfeito do subjuntivo.
O imperativo passa para o pretérito imperfeito do subjuntivo.
Mudança na pontuação das frases:
Frases interrogativas passam para frases declarativas.
Frases exclamativas passam para frases declarativas.
Frases imperativas passam para frases declarativas.
Mudança nas noções temporais:
Noções como ontem, hoje e amanhã passam para no dia anterior, naquele dia e no dia seguinte.
Mudança nas noções espaciais:
Noções como aqui, aí, este e isto passam para ali, lá, aquele e aquilo.